Gianni Vattimo e o Verwindung como chave de interpretação do fim da Modernidade

Autores

  • Bruno Tomé dos Santos UVA

Palavras-chave:

Modernidade, Superação, Verwindung

Resumo

O período moderno é marcado principalmente pela ideia de “superação”, da qual Nietzsche e Heidegger procuram distanciar-se. É justamente este o fato primordial para que ambos possam estar situados em uma época pós e não moderna, segundo a perspectiva de Gianni Vattimo, o filósofo italiano teórico do pensamento fraco. Pensamento este que para melhor ser compreendido necessita dos estudos de outras categorias, tal como o verwindung, um termo criado por Heidegger e que este raramente utiliza em seus textos, mas que serve como base para Vattimo identificar o que Nietzsche busca com sua “filosofia da manhã”, que constituirá para o filósofo de Turim, a essência da pós-modernidade filosófica, além do estudo da cáritas e kenosis, categorias do próprio Vattimo. Por isso, o conceito de Verwindung será o objeto de nossa pesquisa, afim de que possamos compreender como este, associado, também, aos outros dois citados anteriormente encerram um período filosófico e dão início a uma nova fase, onde as metanarrativas já não se fazem mais presentes. Em linhas gerais, a noção heideggeriana de verwindung, diz respeito ao ato de se reportar ao passado da metafísica, sem necessariamente aceitar suas errâncias, nem está objetivando superá-la criticamente. Neste sentido, cabe nos questionar; a pós-modernidade nos possibilita necessariamente estar livres de quaisquer resquícios metafísicos? A nossa perspectiva, no decorrer da pesquisa, é que mesmo em períodos diferentes, algo que fez parte de nós no passado, não pode simplesmente desaparecer, mas, de alguma maneira, ainda deve estar presente em nós, e se seguirmos as indicações de Heidegger, na perspectiva de Vattimo, poderemos nos aproximar melhor desse modo. Por esse prisma, Vattimo destaca duas características principais que podem ser atribuídas ao verwindung, a saber, aceitação e aprofundamento. Segundo o filósofo de Turim, para Heidegger a mudança que possibilita a ida para além da metafísica está ligada a uma verwindung da mesma, ou seja, não podemos esquecer a metafísica, ignorá-la, considerá-la como algo que já perdeu sua utilidade, pois os seus vestígios ainda estão presentes em nós. O verwindung nos indica em qual sentido podemos definir a filosofia de Heidegger como uma “hermenêutica”, ou seja, o ser como transmissão das aberturas históricos-destinais que constituem a sua possibilidade específica de acesso ao mundo. Em Heidegger, assim como em Nietzsche, o objeto do pensamento são as errâncias da metafísica, rememoradas, mas não como algo ultrapassado criticamente. E para melhor desenvolver essa questão, fizemos uma pesquisa analítica do livro O Fim da Modernidade, de Gianni Vattimo, de maneira mais específica no capítulo que traz o Niilismo e Pós-moderno em filosofia por tema, onde podemos constatar que, em Nietzsche, o pensamento remonta a origem para percorrer o caminho das errâncias, que é a única riqueza, único ser que nos é dado. Vattimo pontua ainda um paralelo entre as etapas do itinerário daquele com as de Heidegger, que é posto em relevo no efeito niilista da autodissolução da noção de verdade, e da de fundamento, assim como, na “descoberta” Heideggeriana do caráter epocal do ser.

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Publicado

2022-06-17