Schiller e Paulo Leminski

em busca da unidade

Autores

  • Francisco Edmundo Matias da Silva Universidade Estadual Vale do Acaraú

Palavras-chave:

Racionalidade. Sensibilidade. Unidade.

Resumo

O objetivo da comunicação é apresentar uma aproximação teórica entre o filósofo alemão Friedrich Schiller e o poeta brasileiro Paulo Leminski em torno do tema da unidade. Mas o que significa essa unidade? Dentro do pensamento dos autores, se refere ao estado mais completo do ser humano, em que as suas duas dimensões fundamentais (racionalidade e sensibilidade) estão em harmonia. Nos termos de Schiller, é o equilibro entre impulso formal e impulso sensível, já nos termos de Leminski é a consideração igualitária entre corpo e mente. Schiller discorre sobre a unidade ao criticar a sociedade moderna que se configura como a “humanidade decaída”, pois nela a natureza humana se encontra dividida: tal natureza é a junção harmônica entre racionalidade e sensibilidade. Mas essa fragmentação nem sempre existiu. Para Schiller, os gregos não eram fragmentados, naquela sociedade razão e sensação não estavam separadas. Diferentemente na modernidade a racionalidade se afastou da sensibilidade, então o autor alemão busca reunificar novamente o homem moderno dividido. Para alcançar esse objetivo ele incorpora um terceiro elemento entre os impulsos formal e sensível que é o impulso lúdico. O impulso lúdico teria a capacidade de unificar os outros dois impulsos trazendo o equilíbrio necessário. Através da arte e da educação estética que o impulso lúdico se manifesta, de modo que por meio dessas atividades artísticas e estéticas que encontramos a aproximação da razão e da sensibilidade, assim se direcionando para a unidade desejada. Tal como Schiller também Paulo Leminski constata o caráter dividido do humano entre razão e sensação, mas para o poeta curitibano essa cisão foi fruto da divisão social do trabalho, em que se estabeleceu a dicotomia entre trabalho intelectual e braçal, mente e corpo. Então no desenvolvimento da sociedade humana houve um momento de separação daqueles que são inclinados para práticas da mente e outros que seriam direcionados para práticas do corpo, isso estaria impregnado em várias áreas: religiosa, social, econômica. Estamos mergulhados na divisão social do trabalho e na fragmentação, porém existem certos momentos no cotidiano que podemos encontrar a união da mente e do corpo. Para Leminski, assim como para Schiller, o exercício artístico é um campo possível para concretizar essa unidade, mas não somente, as práticas esportivas, marciais e o sexo também cumprem esse papel. Realizando tais atividades nos tornamos completos e saímos da divisão, por isso ser integro não é algo que podemos ser de forma plena, precisa ocorrer constantemente. Também Schiller vê que a unidade não é alcançada em sua plenitude, pois seria para ele a perfeição, a unidade é como um horizonte em que homem deveria se direcionar e torna-se o mais completo possível. Para Leminski e Schiller a unidade é sempre uma busca que construímos.

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Publicado

2023-04-10

Edição

Seção

Anais da Semana de Filosofia da UVA - Resumos