Duas expressões da Morfologia no século XVII: a assinatura das coisas naturais e a Palingênese

Autores

  • Maurício de Carvalho Ramos USP

Palavras-chave:

Morfologia, Monadologia, Doutrina das assinaturas, Palingênese, Culturas científicas

Resumo

O objetivo deste artigo é formular uma noção geral de morfologia que funcione como uma metodologia para a pesquisa em história das ideias e das culturas científicas. Essa noção inspira-se na monadologia leibniziana e busca fundamentação teórica nas noções de ideia-unidade de Lovejoy e de forma simbólica de Cassirer. Os resultados obtidos provêm da aplicação desse método no estudo de dois conceitos morfológicos do século XVII: o de assinatura das coisas naturais e de palingênese. O primeiro refere-se a uma doutrina que afirma uma ligação entre as formas dos órgãos vegetais e humanos que revelam o uso terapêutico das plantas para o tratamento de doenças específicas destes últimos. Outra versão da teoria afirma que estas assinaturas são internas e devem ser procuradas por meio da análise química. A palingênese é a ressuscitação da forma essencial de um corpo que foi destruído. Ela é tratada neste artigo como um procedimento químico-alquímico aplicado à palingênese artificial das formas vegetais. A conclusão principal obtida a partir desses resultados é que a morfologia é uma ideia-unidade e uma forma simbólica que se expressou no século XVII através de uma relação dialética entre internalidade e externalidade dos seres naturais que oscila entre os domínios do mito e do conhecimento. É tal oscilação que se apresenta como um objeto da cultura científica morfológica investigada.

Biografia do Autor

Maurício de Carvalho Ramos, USP

Possui graduação em Biologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Caetano do Sul (1983), mestrado em Ciências (Zoologia) pelo Instituto de Biociências - USP (1993) e doutorado em Filosofia (Filosofia da Ciência) pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP e Université de Paris 7(1998); pela mesma Faculdade, possui Pós-doutorado junto ao Projeto Temático da Fapesp "Filosofia e História da Ciência" (2005) e Livre-docência (2014). Foi pesquisador colaborador do Projeto Temático da Fapesp "Gênese e significado da tecnociência" (2008-2011). Professor convidado na Université de Montréal (2012) e na Universidad Nacional Autónoma de Mèxico (2014). Atualmente é professor doutor do Departamento de filosofia - FFLCH - USP. Supervisiona o Grupo de Pesquisa em Epistemologia Histórica da Cultura Científica. Possui experiência na área de Filosofia, com ênfase em Epistemologia Histórica da Cultura Científica e Filosofia e História das Ciências da Vida e do Orgânico. O conceito epistemológico histórico de morfologia é o principal tema atual de investigação.

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Publicado

2021-03-23

Como Citar

Ramos, M. de C. . (2021). Duas expressões da Morfologia no século XVII: a assinatura das coisas naturais e a Palingênese. Revista Helius, 3(2, fasc. 1), 466–486. Recuperado de //helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/195

Edição

Seção

Artigos do Dossiê