O papel dos fósseis na teoria da progressão dos animais de Lamarck

Autores

  • Lilian Al-Chueyr Pereira Martins USP

Palavras-chave:

Lamarck, Empirismo, Evolucionismo, Geologia, Século XIX

Resumo

Sabe-se que a teoria “evolutiva” de Lamarck proposta entre 1800 e 1820 teve um baixo impacto e uma mínima aceitação em sua época. Ela foi considerada especulativa e Lamarck tem sido criticado por não ter oferecido uma fundamentação empírica para vários aspectos de sua teoria. Uma das críticas feitas às teorias evolutivas na época era a ausência de formas intermediárias entre espécies fósseis e atuais. O objetivo do presente artigo é averiguar de que modo os fósseis foram utilizados para fundamentar as mudanças geológicas, a gradação dos animais ou mesmo a transformação das espécies na teoria de Lamarck. Além disso, se as críticas mencionadas acima se aplicam à sua proposta. Esta pesquisa levou à conclusão de que os estudos de Lamarck sobre os fósseis contribuíram para o seu conhecimento na época. Do ponto de vista empírico, eles forneceram fundamentação para alguns aspectos de sua teoria como as mudanças na crosta terrestre. Por outro lado, a semelhança entre formas fósseis e viventes sugeriu que as espécies poderiam ter se modificado e não se extinguido. Porém, nas obras em que apresentou sua teoria evolutiva relacionada aos animais, Lamarck praticamente não retomou essas evidências e nem as explorou detalhadamente. Ou seja, não utilizou fatos que lhe eram acessíveis, na época, e que teriam sido de grande importância para a fundamentação de sua teoria. Nesse sentido, algumas das críticas recebidas eram cabíveis.

Biografia do Autor

Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, USP

É graduada em História Natural pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; especialista em História da Ciência pela Universidade Estadual de Campinas; Mestre e Doutora em Ciências Biológicas na área de Genética, pela Universidade Estadual de Campinas, com Doutorado Sandwich no Department of History and Philosophy of Science na Universidade de Cambridge (Inglaterra) e Pós-Doutorado no Grupo de História e Teoria da Ciência (UNICAMP). Foi professora do Programa de História da Ciência da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo de março de 1999 à janeiro de 2011. Atualmente é professora associada do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP); editora do periódico Filosofia e História da Biologia; líder do grupo de História e Teoria da Biologia (USP); pesquisadora colaboradora do Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciência (USP). Dedica-se principalmente à História das Ciências da Vida em geral, principalmente à História da Genética e Evolução. Dedica-se também à Filosofia da Biologia e às aplicações da História e Filosofia da Biologia ao Ensino de Ciências.

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Publicado

2021-03-23

Como Citar

Martins, L. A.-C. P. (2021). O papel dos fósseis na teoria da progressão dos animais de Lamarck. Revista Helius, 3(2, fasc. 1), 563–598. Recuperado de //helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/197

Edição

Seção

Artigos do Dossiê